Oito modelos de cadeirinhas à
venda no mercado nacional, avaliados em laboratório pela Proteste –
associação de defesa do consumidor não governamental e sem fins
lucrativos -, apresentam problemas que vão desde incorreções nas
instruções de uso até a proteção dos pequenos ocupantes, mesmo tendo o
selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia).
Foram analisados os modelos Chicco Key 1 X-Plus, Maxxi Cosi Priori
SPS, Peg Perego Viaggio Uno, Infanti Savile Plus, Galzerano Orion Master
8110, Voyage Cadeira Alto, Hercules Voyage e Lenox Kinder.
A Resolução 277 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que
regulamenta o transporte de crianças em automóveis, determina que entre 1
e 4 anos de idade elas utilizem as cadeirinhas de segurança, que devem
ser fixadas no banco traseiro do veículo. Seja fabricada no Brasil ou
importada, a cadeirinha deve apresentar a etiqueta do Inmetro, que
assegura a qualidade do produto e permite sua comercialização no País.
Recentemente, o órgão também lançou um vídeo sobre a escolha e o uso
correto de todos os dispositivos de segurança infantis.
Testes mais rigorosos
O estudo levou em conta os aspectos de versatilidade, segurança,
facilidade de utilização e as informações ao usuário descritas no manual
e no produto. Segundo a entidade, suas avaliações são mais exigentes do
que as normas de certificação em vigor no Brasil, especialmente em
relação às velocidades utilizadas.
Instruções de uso – Contrariando o Código de
Defesa do Consumidor, segundo a Proteste, as cadeirinhas da
Chicco e da Maxi Cosi trazem manual de instruções em português de
Portugal. O melhor manual foi o da Galzerano, que traz um guia rápido
com esquemas claros e orientações precisas, além de oferecer a maior
rede de assistência técnica (118 em todo o Brasil). Como ponto negativo,
o produto tem apenas quatro meses de garantia, enquanto a Maxi Cosi
oferece dois anos. Por outro lado, a Maxi Cosi não traz informações
sobre o uso da cadeirinha em carro com airbag, nem as
restrições de segurança para crianças.
Versatilidade - Para esta análise foram considerados
os acessórios que acompanham cada cadeirinha e as possibilidades de
ajustes, tanto para a instalação quanto para a inclinação. O produto
mais versátil, de acordo com a Proteste, é o da Chicco. Nele, os cintos
de segurança são facilmente adaptáveis. Além disso, tem estágios de
inclinação variados e é possível ajustar a cadeirinha ao banco por meio
de várias regulagens. A Lenox foi considerada a menos versátil, pois
traz apenas duas posições de ajuste ao banco.
Facilidade de uso – Todas as cadeirinhas foram
consideradas fáceis de instalar, pois permitem acomodar e retirar as
crianças sem dificuldades. No entanto, o modelo Pég-Perego foi
considerado o mais fácil de usar. Sua regulagem é muito simples, com
vários ajustes. O botão exposto na frente libera rapidamente o cinto da
criança, além do fixador, que facilita muito a colocação e liberação do
cinto. Outro ponto positivo é que é possível retirar, sem dificuldade, o
tecido para lavagem.
Para o teste de conforto foram analisadas as dimensões internas da
cadeirinha, os apoios (e ajustes) para cabeça e membros da criança. A
melhor conceituada, mais uma vez, foi a cadeirinha da Chicco, que
apresentou as melhores dimensões para acomodar crianças de diversos
tamanhos, oferecendo bons apoios para ombros e pernas. E conta também
com excelente proteção no apoio de cabeça, com posições totalmente
reguláveis.
Segurança – O nível de proteção oferecido às
crianças foi avaliado por meio de duas simulações: impacto frontal a 64
km/h e lateral a 28 km/h. Foram considerados os efeitos como o
deslocamento da cabeça e dos membros durante as colisões. A Chicco foi a
que se saiu melhor no teste frontal. A Lenox foi a pior, podendo
ocasionar sérias lesões às crianças, pois permite que elas se desloquem
em impactos a essas velocidades. Na colisão lateral, a Maxi Cosi foi a
que ofereceu mais segurança, protegendo muito bem a região da cabeça. A
Infanti permitiu um grave contato da cabeça com a estrutura da porta, o
que causaria danos permanentes em caso de velocidades mais altas.
A maioria dos fabricantes informa que o prazo de validade das
cadeirinhas é indeterminado e depende somente da conservação do tecido e
da estrutura. Mas é importante ressaltar que ela não deve ser utilizada
de novo após um acidente, mesmo sem aparentar qualquer dano e tenha
cumprido a função de proteger a criança.
Para finalizar, ainda que o consumidor possua alguma cadeirinha que
não tenha sido bem avaliada – especialmente em relação à segurança -, é
fundamental que não deixe de usá-la até poder substituí-la por uma mais
segura ou a criança passe para outra fase. Em caso de acidente, o
pequeno passageiro estará muito mais seguro nela do que sem qualquer
equipamento de proteção.
Cuidados importantes com crianças a bordo
- Passageiros até 10 anos de idade devem sempre ser transportados no
banco traseiro. Só a partir dessa fase poderão viajar no banco da
frente.
- Crianças entre 0 e 7 anos e meio de idade devem utilizar o
bebê-conforto, cadeira infantil e assento de elevação (ou booster),
de acordo com a fase do crescimento.
- Os dispositivos de retenção devem ser usados em qualquer viagem,
mesmo quando o destino for perto de casa. A maior parte dos acidentes
ocorre próximo à residência das vítimas.
- Certifique-se de que a cadeirinha está bem presa pelo cinto de
segurança ao banco do carro – ela não pode se mover mais de 2 cm de um
lado para o outro.
- Se for utilizar uma cadeirinha já usada, verifique se há sinais de
desgastes, se suas peças são originais e se não existe qualquer dano na
estrutura.
- A desobediência às normas de transporte infantil é considerada
infração gravíssima, com multa de R$ 191,54 e adição de sete pontos na
carteira de habilitação.
FONTE:
iG Carros